Crítica: Os Grandes Cássicos de Tex 26 - Na Trilha de Laredo

(**CUIDADO: este texto contém spoiler. Se você pretende ler essa edição, não leia a crítica**)

| Ação constante | | Roteiro fraco | surpresa obvia demais | História não justifica estar no OGCT |

 Lançado no Brasil em abril de 2010, Os Grandes Cássicos de Tex 26 trouxe a história "Na Trilha de Laredo", vista em Tex ed. Histórica 29 (na Itália, nos n 48/49).

 Nesta aventura, Tex recebe uma carta de um antigo amigo chamado Bill Anderson, um ex-ranger e dono de um rancho em Laredo. Na carta, Bill pede ajuda à Tex e este corre para ajuda-lo, porém, o ranger chega tarde demais e não consegue salva-lo de um ataque de bandidos. Antes de morrer, Bill pede para que Tex cuide do rancho e de seu filho. Agora, Tex defenderá o rancho como poder.

 Cadê o roteiro?

 Na Trilha de Laredo tem um enredo raso, quase vazio. A história tem pouco a nos oferecer e em alguns momentos fica a impressão de que naquele momento em que a trama foi escrita, G. L. Bonelli se sentia sobrecarregado por ter que sozinho escrever todas as histórias do ranger e precisava de um tempo maior para criar uma história melhor.

 A trama se resume apenas em Tex defendendo o rancho e o gado de Bill das tentativas de roubo dos bandidos liderados por El Moro (falarei dele mais a frente), para que seu filho possa desfrutar da herança de seu pai, como Tex havia prometido ao seu amigo. Assim, 98% das páginas de Na Trilha de Laredo são os bandidos atacando Águia da Noite, e mais nada. Nesta aventura, não temos um roteiro atraente, que prenda o leitor.

 De tirar o fôlego

1.  Se por um lado o enredo da história é fraco, do outro é rico em ação. Como Tex é atacado a todo momento pelos bandidos, ação é o que não falta nesta edição. Aqui, a todo instante acontece troca de tiros e as cenas são ainda mais enriquecidas com os desenhos do saudoso mestre Galep.
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3.  Isso (ação a todo momento), faz com que o leitor não perceba que o enredo da história tem pouco a apresentar, já que as cenas de ação são empolgantes e envolventes.
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5.  Uma bela jogada de G. L. Bonelli, que esconde os buracos do enredo com o bang bang continuo.

 Você é El Moro? Eu já sabia...

 Como foi dito no inicio da crítica, Na Trilha de Laredo tem um roteiro vazio, mas também enrolado. Aparentemente, a ideia de G. L. Bonelli era de criar um "mini suspense" em torno da identidade do misterioso El Moro, porém, é aqui que temos um erro grotesco do roteiro.

 A "misteriosa" identidade de El Moro é tão obvia, mas tão obvia, que o PRÓPRIO Tex já chega a conclusão de que o chefão seja Dom Felipe Corrientes. G. L. Bonelli se enrolou na sua própria proposta, pois não colocou, além do poderoso Dom Felipe Corrientes, mais nenhum suspeito. Assim, não é preciso pedir ajuda para Julia Kendall solucionar este "mistério", pois o próprio autor nos revela com antecedência a identidade de El Moro.

 Sabemos que não é muito comum haver suspense nas histórias do ranger, mas se for pra ter, que seja um bem feito. Um exemplo disso é Tex 478/480 - Assassinato em Nova Orleans, onde Boselli dá uma verdadeira aula de como inserir suspense nas páginas texianas. O minimo que se espera de um suspense é qua hajam... suspeitos.

 Isso é um clássico?!

 Como o próprio nome da coleção já diz, Os Grandes Clássicos de Tex trazia (pois não é mais editado) somente histórias clássicas do ranger: o primeiro encontro de Tex com Kit Carson, o casamento com Lilyth, o primeiro confronto com Mefisto e etc. E justamente por esse motivo, não dá pra entender o porque que Na Trilha de Laredo entrou nessa coleção.

 Como venho dizendo desde o começo da crítica, Na Trilha de Laredo é vazia. Nem de longe, esta aventura é um clássico, ainda mais se compararmos com as outras edições dessa própria coleção. A Mythos errou e feio na escolha, optando por uma história comum, já que roubos de gado sempre foi vista em Tex. A impressão que dá, é que naquela ocasião a editora da fogueirinha só pensou (como sempre) no lucro, e fechou de forma ruim uma coleção importante.

Conclusão:

 Na Trilha de Laredo deve ser tratada como uma história comum, como ela realmente é. A ausência de um enredo rico e atraente fazem falta nesta edição, e por isso a trama não é lá muito chamativa. Mas para quem tem saudades do Tex que resolvia tudo na bala, é um prato cheio. Alguns pontos negativos citados na crítica (como os dois ultimos), podem não incomodar o leitor.

Nota para a edição: 5,0